Você já participou de uma reunião de planejamento de Sprint e estimou que uma tarefa levaria dois dias para ser concluída, mas, na prática, ela acabou demorando mais? E quando isso acontece, você sente aquela cobrança silenciosa, como se tivesse assumido um compromisso fixo? Se sim, você não está sozinho, essa é uma situação muito comum no desenvolvimento de software.
O Problema das estimativas como prazos fixos
No mundo do desenvolvimento, estimar é tentar prever o futuro, ou seja, chutar quanto tempo ou esforço uma tarefa vai demandar. Por natureza, toda estimativa envolve incerteza e deve ser vista como uma aproximação, não como um compromisso rígido. Porém, muitos gestores e culturas empresariais distorcem esse conceito, tratando estimativas como prazos fixos que precisam ser cumpridos a qualquer custo.
Esse erro gera um ambiente tóxico, onde o time sofre cobranças veladas e o microgerenciamento se instala. A falsa sensação de controle que as estimativas trazem para a gestão acaba prejudicando a produtividade e a qualidade do código produzido.
Por que estimativas de software estão sempre erradas?
- Software é intangível e vivo:
- Falácia do planejamento:
- Lei de Hofstadter:
- Lei de Parkinson:
- Lei da trivialidade (Bike Shedding):
Diferente de uma linha de produção industrial, o desenvolvimento de software é um processo dinâmico, cheio de variáveis técnicas, mudanças e imprevistos que não podem ser medidos ou controlados com precisão.
Nosso cérebro cria um "filme mental" perfeito da tarefa, ignorando problemas, bugs e interrupções. Isso faz com que a estimativa seja otimista demais, sem considerar os imprevistos reais.
Mesmo quando você tenta ser realista e adiciona uma "gordurinha" no tempo estimado, a tarefa ainda vai levar mais tempo do que o previsto, porque sempre há algo desconhecido que atrasa.
O trabalho se expande para preencher todo o tempo disponível. Se você tem cinco dias para uma tarefa que poderia levar dois, é provável que você procrastine ou invista tempo desnecessário, atrasando a entrega.
As equipes gastam mais tempo discutindo detalhes simples e fáceis do que enfrentando os problemas complexos, o que distorce a estimativa geral e prejudica o andamento da Sprint.
O Triângulo de ferro e a qualidade do software
O triângulo de ferro da gestão de projetos mostra que só é possível fixar duas variáveis entre escopo, prazo e orçamento, a terceira sempre cede. Quando gestores travam todas as três, a qualidade do software é a variável sacrificada, resultando em código ruim, testes negligenciados e sistemas instáveis.
Como se posicionar diante dessa realidade?
- Reforce que estimativas são aproximações, não compromissos:
- Recuse escopos com prazos fixos sem negociação:
- Entenda que você não é adivinho:
- Busque ambientes que valorizem a qualidade e respeitem o time:
Use uma linguagem que deixe claro o grau de incerteza.
Pergunte qual variável do triângulo de ferro será ajustada.
Seu papel é resolver problemas, não prever o futuro.
Não aceite cobranças injustas que prejudiquem seu trabalho e bem-estar.
Se você já passou por situações assim, sabe o quanto é importante mudar essa cultura para garantir entregas mais realistas, menos estresse e software de qualidade. Afinal, estimativas são ferramentas para planejamento, não correntes que prendem o time.
Feito!
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