Uma visão honesta de quem está há mais de 10 anos no campo de batalha.
Quando alguém me pergunta "qual é o melhor sistema operacional para desenvolvimento?", minha resposta automática costuma ser: depende. E não é uma forma preguiçosa de responder. É porque realmente depende do contexto, da linguagem, do tipo de projeto e até do seu gosto pessoal. Mas depois de mais de uma década mergulhado em código de aplicações web a scripts de automação, de APIs em nuvem a sistemas embarcados, aprendi que cada sistema tem suas vantagens (e dores).
No presente post, vou comentar sobre os quatro principais candidatos: uma distro Linux (como Ubuntu ou Fedora), macOS, FreeBSD e Windows. Spoiler: todos funcionam. Mas uns funcionam melhor dependendo do seu objetivo.
Linux: O queridinho dos devs raiz
Se você trabalha com backend, cloud, containers, automação, DevOps ou simplesmente curte ter o controle do seu ambiente, Linux é quase imbatível. O terminal é poderoso, a performance é sólida e quase tudo que executa em produção na nuvem, executa em Linux.
Vantagens:
- robusta, personalizável, e amigável a scripts.
- Integração nativa com ferramentas como Docker, Git, Node, Python, Go etc.
- É gratuito e leve (especialmente distros como Arch ou Debian).
- Ideal para quem quer entender o que está acontecendo "por baixo dos panos".
Desvantagens:
- Pode exigir mais curva de aprendizado para quem vem do Windows.
- Suporte a hardware (especialmente placas Wi-Fi ou impressoras) ainda pode ser uma dor.
- Softwares como Adobe, MS Office, etc., não funcionam nativamente.
- Para quem é: Devs backend, DevOps, SysAdmins, Cientistas de Dados, ou qualquer um que goste de uma abordagem hands-on.
macOS: O equilíbrio entre Unix e usabilidade
Se você desenvolve para iOS/macOS, você precisa de um Mac, ponto. Mas mesmo fora do ecossistema Apple, o macOS é uma ótima escolha para devs que querem a estabilidade e poder do Unix com uma interface polida e um ecossistema de ferramentas premium.
Vantagens:
- Terminal baseado em Unix (zsh/bash), com boa compatibilidade POSIX.
- Excelente suporte a linguagens como Python, Ruby, Node.js, embora todas precisem ser instaladas e gerenciadas com ferramentas como pyenv, rbenv e nvm.
- Interface gráfica polida e integração com o hardware Apple.
- Ideal para quem quer produtividade em um sistema robusto, mas ainda amigável.
Observações importantes:
O Docker não executa nativamente no macOS. Ele depende de uma máquina virtual leve (HyperKit/AppleHV) para simular o kernel Linux, o que pode impactar desempenho em alguns cenários.
Apesar de o Python vir pré-instalado, costuma ser uma versão desatualizada usada pelo sistema. Desenvolvedores geralmente precisam gerenciar múltiplas versões manualmente.
Desvantagens:
- Custo elevado.
- Atualizações podem quebrar ambientes de desenvolvimento se não forem feitas com cautela.
- Menos liberdade para personalizar o sistema profundamente (em comparação ao Linux).
- Para quem é: Desenvolvedores iOS, web, front-end, ou quem busca um ambiente Unix-like com visual refinado e conforto no uso diário.
Windows: O mais comum e... agora muito mais útil
Por muito tempo, o Windows foi visto como o pior ambiente para desenvolvimento. Mas isso mudou drasticamente com o WSL (Windows Subsystem for Linux). Hoje é totalmente viável programar em Windows, especialmente se você trabalha com .NET, C#, ou precisa de compatibilidade com softwares corporativos.
Vantagens:
- Compatibilidade com todos os softwares comerciais.
- Visual Studio (que ainda é imbatível para C# e C++).
- WSL2 permite executar Linux dentro do Windows com performance decente.
- Ideal para ambientes corporativos e desenvolvimento de jogos com DirectX.
Desvantagens:
- Gerenciamento de dependências e pacotes ainda é mais confuso.
- O sistema pode ficar instável com muitas customizações.
- Terminal padrão ainda é inferior (mas o Windows Terminal e o PowerShell melhoraram bastante).
- Para quem é: Devs C#, .NET, Unity, SQL Server, devs corporativos que precisam de Office, e quem trabalha com automação para Windows.
FreeBSD: Para os corajosos e curiosos
FreeBSD não é mainstream, mas quem já usou sabe: é rápido, seguro e com um sistema de permissões e gerenciamento de rede excelente. Se você é o tipo de dev que gosta de montar servidores otimizados, entender o sistema profundamente ou está buscando estabilidade acima de tudo, vale testar.
- Estabilidade lendária.
- Sistema de ports eficiente.
- Ótimo para servidores e redes.
Vantagens:
Desvantagens:
- Curva de aprendizado íngreme.
- Poucos tutoriais voltados para desenvolvimento moderno.
- Suporte de ferramentas e IDEs limitado.
- Para quem é: Devs hardcore, administradores de sistemas, especialistas em redes, ou quem quer aprender além do mainstream.
E no final, qual eu uso?
Hoje, pessoalmente, meu setup principal é o Linux (Ubuntu LTS) no notebook, mas por muitos anos usei o Slackware e o Debian no desktop. Aliás, o Slackware ainda é uma ótima escolha para quem quer aprender Linux no modo raiz, hands-on de verdade. Atualmente, meus servidores executam Debian, pela estabilidade e confiabilidade que oferece. Também já usei Windows por anos. Além disso, aprendi muito explorando o FreeBSD.
No fim das contas, o sistema operacional não faz o desenvolvedor, é apenas uma ferramenta. A melhor escolha é aquela que te permite ser produtivo, feliz e resolver problemas reais.
Dica de ouro: Se você está confortável com um sistema e ele te permite trabalhar bem, continue com ele. Se está te atrapalhando, experimente outro. Nada é definitivo.
E você, qual sistema usa para programar? E por quê?
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Se você evitar esses deslizes, com certeza terá uma base sólida para crescer na carreira de forma consistente e profissional.
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