No mundo do desenvolvimento de software, o termo "API REST" tornou-se um padrão amplamente utilizado para integração entre sistemas. No entanto, nem todas as APIs que se apresentam como RESTful seguem, de fato, os princípios fundamentais do REST. Aderir a esses princípios não é apenas uma questão de semântica, mas também de garantir consistência, escalabilidade e facilidade de uso para os desenvolvedores que consomem sua API.
Neste artigo, exploraremos os elementos essenciais que definem uma API RESTful e apresentaremos um guia prático para ajudar você a verificar se sua API está verdadeiramente alinhada a esse padrão.
Descubra como estruturar endpoints, utilizar métodos HTTP corretamente e aplicar boas práticas que tornam sua API mais eficiente e aderente aos conceitos do REST.
O REST (Representational State Transfer) é um estilo arquitetural que define um conjunto de restrições para a criação de serviços web escaláveis e eficientes. Ele foi introduzido por Roy Fielding em sua tese de doutorado em 2000 e tem se tornado a base para a construção de APIs modernas. Para que uma API seja considerada RESTful, ela deve seguir seis princípios fundamentais:
- Cliente-Servidor
A arquitetura REST é baseada na separação entre cliente e servidor, o que permite que ambos evoluam de forma independente. O cliente é responsável pela interface do usuário e pela experiência do usuário, enquanto o servidor gerencia o armazenamento e a lógica dos dados. Essa separação melhora a portabilidade do cliente e a escalabilidade do servidor.
- Stateless (sem estado)
Cada requisição do cliente ao servidor deve conter todas as informações necessárias para que o servidor entenda e processe o pedido. O servidor não deve armazenar informações sobre o estado do cliente entre as requisições. Isso significa que cada chamada é independente, permitindo que as requisições sejam feitas em qualquer ordem.
- Cacheável
As respostas das APIs REST devem ser rotuladas como cacheáveis ou não, permitindo que os clientes armazenem em cache as respostas para otimizar o desempenho. Isso reduz a necessidade de chamadas repetidas ao servidor para obter os mesmos dados, melhorando a eficiência da comunicação.
- Interface uniforme
Uma interface uniforme simplifica e desacopla a arquitetura, permitindo que diferentes clientes interajam com o servidor de maneira padronizada. Isso geralmente é implementado através dos métodos HTTP padrão (GET, POST, PUT, DELETE), que definem claramente as operações permitidas em recursos específicos.
- Sistema em camadas
A arquitetura REST pode ser composta por várias camadas hierárquicas, onde cada camada não conhece as camadas além daquela com a qual está interagindo. Isso permite que intermediários, como proxies e gateways, sejam utilizados para melhorar a segurança e a escalabilidade sem que o cliente precise conhecer a complexidade interna do servidor.
- Código sob demanda (opcional)
Embora não seja uma exigência, as APIs REST podem permitir que o servidor envie código executável ao cliente quando necessário, estendendo a funcionalidade do cliente sem exigir atualizações constantes.
Diferença entre API REST e RESTful
REST: Conjunto de princípios arquiteturais.
RESTful: Implementação desses princípios em um sistema específico.
Exemplos de endpoints da API de Produtos
- Forma errada de endpoints
A forma incorreta de definir os endpoints para uma API de produtos pode levar a confusões e não seguir as melhores práticas do REST. Aqui estão alguns exemplos de endpoints mal estruturados:
/cadastrarProduto
/editarProduto
/atualizarProduto
/excluirProduto
Esses endpoints não representam recursos, mas sim ações específicas. Isso vai contra o princípio do REST, que enfatiza a manipulação de recursos através de URLs que representam entidades.
- Forma correta de endpoints
A seguir, apresentamos uma forma correta e mais alinhada com os princípios REST para a API de produtos:
1. Criar um Produto
POST /produtos
Sucesso: 201 Created
Erro: 422 Unprocessable Entity
O /produtos representa a coleção de produtos. O método POST é utilizado para criar um novo produto. Caso ocorre algum erro, deve retornar uma mensagem em JSON com código de status 422.
2. Listar todos os produtos
GET /produtos
Permite recuperar uma lista de todos os produtos. Caso, não tiver nenhum produto, deve retornar uma lista vazia.
3. Recuperar um produto específico
GET /produtos/1
Sucesso: 200 OK
Erro: 404 Not Found
Isso é para visualizar um produto específico pela sua identificação (ID). O número 1 representa o ID do produto ou caso o produto não existir deve retornar uma mensagem em JSON com código de status 404.
4. Atualizar um produto existente
PUT /produtos/1
Sucesso: 200 OK
Erro: 404 Not Found
O método PUT é utilizado para atualizar os dados de um produto existente, identificado pelo ID 1 ou caso o produto não existir deve retornar uma mensagem em JSON com código de status 404.
5. Excluir um Produto
DELETE /produtos/1
Sucesso: 200 OK
Erro: 404 Not Found
O método DELETE remove o produto identificado pelo ID 1 ou caso o produto não existir deve retornar uma mensagem em JSON com código de status 404.
Considerações finais
Ao projetar uma API, é fundamental seguir os princípios REST para garantir que os endpoints sejam intuitivos e representem recursos em vez de ações. Isso não apenas melhora a clareza e a usabilidade da API, mas também facilita a manutenção e a escalabilidade no futuro.
Os princípios fundamentais do REST garantem uma comunicação eficiente entre sistemas, promovendo flexibilidade, escalabilidade e interoperabilidade. A adoção dessas diretrizes no desenvolvimento de APIs tem contribuído para o crescimento das aplicações web modernas, especialmente aquelas baseadas em nuvem.
Referência
FIELDING, Roy Thomas. Architectural styles and the design of network-based software architectures. 2000. Dissertação (Doutorado em Ciência da Computação) - University of California, Irvine, 2000. Disponível em: Architectural styles and the design of network-based software architectures . Acesso em: 06/12/2024.
Feito!